Arte com pregos - Personagem da vida real

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Ele trabalhou na lavoura de café, passou por momentos difíceis, mas, em meio à incerteza em relação ao futuro, descobriu que tinha o dom de fazer verdadeiras obras de arte utilizando pregos


José Antonio Ferraz, de 40 anos, mora em Bragança Paulista, a 90 quilômetros da cidade de São Paulo. Nascido na roça, a vida do garoto não foi fácil. Seu pai trabalhava como benfeitor de uma fazenda, a mãe na lavoura de café, e dos escassos recursos conseguiram sustentar 10 filhos. “Apesar das dificuldades que passávamos, jamais vi meu pai desanimado ou triste. Ele sempre estava disposto a lutar”, lembra Ferraz.
Querendo uma vida melhor para os filhos, o pai dele foi morar na cidade. Um vereador arrumou uma casa para a família. “Passamos a ter uma moradia melhor, mas as condições ainda eram limitadas, pois não tínhamos dinheiro para pegar ônibus e percorríamos longas distâncias a pé. Muitas vezes batemos de porta em porta pedindo comida. Porém, apesar da dificuldade, meu pai sempre foi um homem muito bom e íntegro, e passou essa lição de bom caráter para todos os filhos”.
A exemplo de seus pais, Ferraz foi trabalhar na colheita de café. A vida parecia entrar nos eixos, mas seu pai adoeceu e depois de uma luta árdua faleceu de câncer no estômago. “Foi um baque muito grande. Éramos muito pobres. Mas meus pais sempre foram maravilhosos. Nossa família era unida”, recorda.
O tempo passou, Ferraz se casou e logo veio o primeiro filho. Não dava para sustentar a família só com o dinheiro da roça. Por meio do mesmo vereador que havia ajudado seus pais anteriormente, ele conseguiu emprego em uma fábrica de papel higiênico, onde trabalha há 18 anos como operador de máquina.
Mesmo com um salário pequeno, ele criou os três filhos, baseado no amor e na compreensão. “Passei por muitas dificuldades para criar os meus filhos, mas segui o exemplo de meu pai. Faltou comida em nossa mesa, mas o amor sempre teve fartura em nossa casa”.
Descobrindo um talento
Em um momento de incerteza em relação ao futuro, Ferraz pegou um prego, um martelo, e começou a traçar desenhos em uma madeira. O trabalho simples arrancou elogios dos amigos. E foi assim que ele descobriu um talento que não sabia que possuía. Agora, o ex-lavrador e atual operador de máquinas, nas horas vagas, faz verdadeiras obras de arte utilizando pregos.
“Descobri por acaso esse dom. Mas sei que foi Deus quem me deu. Levo, em média, de 15 a 20 dias para terminar um quadro, pois faço isso nas horas vagas”, diz o artista, que gosta de retratar em seus quadros personagens famosos.
O sorriso da mulher amada
Ferraz relata que leva uma vida de dificuldade e que um de seus maiores sonhos é ver o sorriso no rosto de sua mulher. “Minha esposa perdeu 10 dentes da boca e por isso tem vergonha de sorrir. Com o salário que ganho é impossível pagar um tratamento dentário para ela. Mas eu creio que um dia chegarei em casa e verei a minha esposa – que sempre foi uma mulher guerreira, batalhadora, esteve do meu lado e me ajudou a criar uma família linda – me receber com um belo sorriso”.
As tristezas e dificuldades não impediram que esse homem simples descobrisse um talento que estava guardado dentro de si. “Todo artista quando faz uma pintura tem um sonho, e não é diferente de mim. A cada prego, a cada martelada, consolido a esperança de realizar sonhos das pessoas que mais amo e que me apoiaram nos momentos mais difíceis de toda a minha vida que são a minha esposa e os meus filhos”, finaliza.

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